papéisfatiar

26.5.13

respeitável público

nunca fui de papear com os funcionários do meu boteco de fim de noite, onde se come coxinha e coisinhas mais. tem até um quadrinho com texto meu de jornal sobre a coxinha dali. mas eles não sabem que eu que fiz. me conhecem só dos fins de noite/começo de manhã como o rapaz do fim de noite (ou começo de manhã). dão oi e ficam tristes se peço algo que não tem. pela primeira vez, quero um café. aqueles feitos aos montes, guardados em tambores aquecidos, servidos no copo americano. adoro copo americano. mas aí me servem na xicrinha. aquelas que só doutô, em boteco, recebe. tipo homem de gravata correndo com mala na mão. tipo senhorinha de cabelo roxo indo visitar a amiga no hospital. ai. tornei-me respeitável. ou fiquei uns anos mais velho. ou eles acham que sou algo que não sou. o horror. não queria. prefiro café no vidro. mas nada falei. seria desmistificar algo. acho.

7.1.13

logo após

EU NA lapa, voce na lata, nos dois bebadis eu nao consigo esc rever ada

28.4.11

paris nao cheira a curry

a vez que me senti em casa em paris foi quando fui na rue saint-anne. caminhei sozinho por calçadas estreitas entre tantos restaurantes japoneses que até perdi a conta. eles pareciam mais japas que qualquer outro restaurante japa de paris, um tanto afetados como em sp. fui no que ela me indicou, o higuma. havia fila (ela avisou),eu no meio de gurpos franceses mais um ou outro de turista. me deram um cardápio em japonês. eu ri. um semestre de curso foi pouco, muito pouco. troquei pelo francês. mas pra quê? pedi o que ela indicou no e-mail: chahan e guioza (que lembra muito a de sp). comi metade do prato para conseguir provar outro. entao li no menu plastificado e pedi o carê. o frango (poullet, aprendi, finalmente) nao era peito, era coxa, sobrecoxa, uma carne mais macia, que desmanchava num leve tocar de hashi, e o molho de curry espesso, com um pedaço de cenoura, era ardido sem medo. o arroz branco abrandava. lembrei da minha avó. bebi chá verde, pedi dois para poder alcançar o valor permitido para pagar em cartao. nao liguei para os japas (chineses?) subindo (pisando) no fogao para limpar tudo. já bebi em taças piores em paris, sujas, sujas. peguei o metrô feliz e me perdi pela cidade com cheiro de curry nas maos.

3.4.11

garoinha do céu cinza escuro da vila mariana

aquela noite era a noite que o meu cabelo tava o mais bonito da vida, mas eu não tinha feito esforço nenhum. aí você chegou parecendo furacão, me beijou e transformou, não sei que hora ou com que mão, meu cabelo num monte de coisa pra cima e pra baixo que nunca foi visto antes. você foi embora, mas eu prometi pra mim mesmo que só ia cortar o cabelo de novo se um dia você voltasse. aí, se eu não te visse de novo, ia virar um homem das cavernas.

18.1.11

Bloco

Caderneta
Eu dei de registrar tudo.

Pó de Açaí
Uma mesa a minha frente – e o medo de olhar?

Escambo
Eu passando duas vezes no mesmo lugar, por mais excêntrico que pareça passar duas vezes naquele mesmo lugar. Sem, também, conseguir olhar.

Underground
Uma multidão. Um milhão de multidões. Consegui encontrar o que precisava – e o medo de olhar?

Marcelino
Você com um tinto na mão, a taça suando.

Underground II
Quando te vi, era sem óculos. Por que você os colocou, de repente?

mp3
Comecei a pôr ‘música aleatória’ no iPod, logo nos primeiros momentos do ano. É pra ver que música dá. Ano passado, foi ‘Dreams’. Agora, ‘Óculos’.

À francesa
Você na calçada da Augusta. Olhei pra trás, com discrição.