23.2.07

faz assim, ó, passa o carnaval sentado sobre o toco da árvore observando tudo em frente: as elevações que eu teimo em chamar de montanhas - mesmo sabendo que não são - (cobertas ora por grama verde e manchas de árvores, ora por terra vermelha), as vacas em comboio, os cavalos solitários, mais verde, sol, nuvens, o céu todo. tudo isso muito bucólico e mais o Vectra e a cerca dos vizinhos de baixo, que não entrarão no seu campo de visão (a não ser que você caminhe pra frente e abaixe a cabeça). mas olha pra esse bucolismo todo ouvindo Pedro the lion, aquela banda lá que eu te mandei um monte de música no MSN. ouve Bad things to such good people; não que a letra queira dizer algo - eu nem sei direito o que ela diz -, mas ouve. e olha pra frente, a frente como um quadro, um quadro impressionista, surrealista, cubista, não sei; do estilo que for o mesmo das suas estranhas (vai ser difícil se auto-conhecer dessa forma; acho que eu nunca conseguirei achar o ismo do meu quadro; não sei quanto a você). dá pause no som rapidinho e tenta ouvir o rio, se é que pode se chamar aquele filete de água esverdeada de rio. faz tudo, tudo isso e lembra de mim.

16.2.07

Mimese aristotélica

Na madrugada de domingo para segunda, quem passasse numa das esquinas da Paulista veria eu com amigos brincando de mímica. Nunca fui muito bom de mímica e nem gostava muito do assunto (uma vez no cursinho, por exemplo, o professor de literatura fez diversas mímicas para falar de mimese aristotélica - e achei aquilo tudo um saco), mas até que esse jogo de madrugada foi divertido. Formamos duplas - eu com a Julia, o Douglas com o Bê. É claro que a nossa dupla - a minha e a dela - foi a vencedora! Também pudera. Inventávamos coisas difíceis de se mimificar: erva-cidreira, adoção de crianças, ponto de táxi, shopping Eldorado, João Guimarães Rosa. Enquanto eles, pobres mortais, na maioria das vezes, se limitavam a elementos óbivios, como... torneira (tá bom, eles tiveram algum mérito de ter algumas idéias criativas e tal, mas o nosso "erva-cidreira" supera tudo!). E essa foi a minha madrugada.

12.2.07

Um desvario adolescente

Já sonhei em ser diretor de colégio, produtor de TV, dono de boate, roteirista de filme, chef de cozinha, professor... mas passou. Na verdade, não passou por completo, vai; ainda tenho (muita) vontade de dar aulas, e, exceto o "diretor de colégio", não descarto nenhuma das outras possibilidades.
Isso ilustra a minha tese de que muitos sonhos são voláteis, apesar de deliciosos enquanto duram. O meu atual sonho, por exemplo, é continuar sendo um notívago, mas virar um notívago colunista de jornal que mora solitário em seu apartamento, escreve compulsivamente colunas até de madrugada e vai jantar filé em uma padaria 24 horas às 5 da manhã. Um colunista quase glamouroso que recebe uma penca de convites para festas, estréias, vernissages e não vai em (quase) nada. Que tem em casa uma mesa cheia de livros, jornais, revistas e pode comer nos restaurantes mais caros de graça. Que dorme com um bloquinho do lado para anotar idéias repentinas, caminha na calçada construindo frases de efeito, se dá ao luxo de não atender a telefonemas e é viciado em cafeína.
(Pronto. O desvario adolescente acabou.)

2.2.07

Meu retiro

Estou passando a semana em Peruíbe com meu avô de mais de 80 anos, no que chamo de "retiro espiritual". Sim, estou exilado por conta própria. O principal motivo é que preciso dar um pause na minha vida de sempre, me despir ao máximo dos excessos tecnológicos, dos conhecidos, da poluição, enfim, da vida que levo na metrópole paulistana para conseguir suportá-la (gosto muito da vida metropolitana, mas a mesmice me esgota). Para se ter uma idéia, eu não tinha viajado no Réveillon e ainda achava, em meados de janeiro, que estávamos em dezembro! (Percebi isso quando pedi na banca de jornal a Caros Amigos do mês doze!)
A viagem está servindo não só para eu dar um pause em minha vida metropolitana, mas também para eu voltar a ver tv, muita tv (vejo todos os jornais noturnos, pedaços de novelas vespertinas, programas peculiares como "Todo seu" etc.), a ler (estou lendo 2 livros ao mesmo tempo, algumas revistas e todas as manhãs leio o jornal na praia, como de costume, apesar de que a cada dobrada que tento dar nele ele vêe no meu rosto), e a fazer serviços domésticos - tenho despertado meu lado "Dirce": fiz arroz, macarrão, picanha, varri o chão, lavei a louça e até aprendi a lavar a roupa (sem máquina)!
À parte disso, tenho tentado dormir cedo (mesmo conseguindo dormir no mínimo às 4h da manhã) e ir à praia todo dia "cedo", apesar de eu ter agora que evitar isso devido às "arduras" de meu corpo que sofreu muito pelo sol do meio-dia nesses últimos dias (algumas regiões dele estão extremamente vermelhas e outras, tornando-se negras).
Está gostoso, enfim. Mas não vejo a hora de voltar à minha Paulicéia, respirar fumaça, ir ao cinema, tomar cerveja, comer hambúrguer e batata-frita. Mas, enquanto isso, acho que vou dar um pulo a uma pracinha aqui do lado e comer um acarajé suspeito (apesar de vender em Sampa, é mais gostoso comer aqui!).