27.3.07

de palito

quando criança
seis, sete, oito
na rua da escola
ele passava
gritava
- ó o sorvete
na sala de aula
eu contava quatro ou cinco
passos
chinelo Havaianas
- ó o sorvete
o mesmo
do bem-te-vi

26.3.07

Sim, Franccino enjôa

Tenho uma amiga italiana completamente enlouquecida que tem um nome completamente brasileiro (Iara). A gente saiu nessa última noite dominical: vimos artefatos legais numa feirinha, tomamos café-batido-gelado-dulcíssimo-hipercalórico-com-chantilly-e-cookies, subimos e descemos a Augusta e nos perdemos de carro no Arouche - ela contando sem cessar sobre a incerta vida amorosa dela e eu falando (nos pequenos intervalos que me restavam) da minha minguada vida pessoal-sentimental. Aí, ela me disse que eu preciso parar de dar fora nos amigos, do tipo furar/dar-bolo/não-aceitar-convites na hora de sair, o que, segundo ela, é comum da minha parte. Na verdade, não é tão comum assim, considerando-se que eu adoro meus amigos e que também adoro sair (na maioria dos casos). Mas é que, às vezes, sou meio esquisitinho mesmo... (E, ressalvo, na grande minoria dos casos...) (Bem, pelo menos eu acho.)

24.3.07

Sábado pela manhã


Você acorda e percebe que a manhã está mais calma que as de terça e não menos calma que as de domingo. É sábado, dia de folga, e você tosta duas fatias de pão, passa requeijão, prepara uma caneca de café com leite quentinho, zapeia os canais de televisão - desenho animado pra todo e qualquer lado - e folheia o jornal.

Você se esquece, porém, que no dia anterior dormiu tarde, às 3h, só por ter sido sexta-feira. E aí, sabe-se lá por quê, acordou cedinho no sábado! Você tenta voltar à cama, rola, se revira, afunda a cara no travesseiro... mas não dorme. Então você se senta e pensa nos planos pra mais tarde: tenta decidir entre o filme à meia-noite ou a balada nova da Barra Funda, se vai ao sebo na João Mendes ou se conhece a livraria que abriu na Lorena, se deve reservar alguma horinha a mais no fim da tarde para dormir ou se deve preparar um café bem forte para acordar de fato e aproveitar seu fim de semana por completo.

Eis alguns dilemas sabatinos.

20.3.07

OUTONO
Cumprimentei os mendigos que moram na rua da minha avó; foram simpáticos. Lembrei do homem aparentemente louco que vivia nas ruas das redondezas e que agora está em Santos porque agrediu uma senhora vizinha e apanhou do filho dela. Não encontrei meias limpas hoje e está cada vez mais difícil caminhar com o dedo esfolado e dolorido. E é chato quando as relações interpessoais são inconstantes, efêmeras e não-consolidadas.
E que venha a consolidação do dia de sol sem tanto sol! Enquanto isso, ouço o CD novo do John Mayer e deixo o vento empurrar minha persiana, fazendo todos meus papéis voarem.

17.3.07

CHOCOLATE ESTRELADO

A gente pode ficar no seu apartamento hoje à noite. Que acha? Faz tanto tempo que não te vejo! Aí, a gente pode ficar alternando os meus cds e os seus. Eu sei que você vai colocar Dashboard Confessional, eu sei que você vai colocar Coldplay, não precisa nem falar! Eu levo do Pete Yorn; agora gosto dele. A gente ouve música e você conta das novidades, sobre o estágio que você tá arranjando, sobre a faculdade que você quer trancar e sobre aquele seu quase novo rolinho; eu te falo daqueles tantos textos que tenho lido, daquelas pessoas que tenho conhecido, dos meus planos pro futuro (aproveito e pergunto os seus) e da vontade de ficar assim, conversando com você, ouvindo música e comendo chocolate até de manhã. Você sabe que não gosto tanto de chocolate... mas, não sei, quando a gente fica conversando assim, sabe, a noite toda, me dá vontade de comer.

13.3.07

PORQUE HOJE É SÁBADO
Eu tô numa fase de não querer sair sem hora pra voltar, de não querer ficar bêbado e nem de querer tanto esbarrar nas pessoas em volta enquanto danço algum som. Eu tô numa fase - que não sei se é daquelas que duram 2 dias ou 12 meses - de querer jantar fora no sábado, ir ao cinema no sábado, caminhar no parque no sábado, comer bolo e beber café no fim da tarde do sábado. Não sei se acompanhado de uma pessoa, de um bando ou de ninguém. E não sei por que tudo no sábado. Vai ver que é o meu inconsciente querendo me lembrar que nos outros dias da semana preciso estudar, ler todos os textos necessários, fazer meus exercícios físicos, voltar ao inglês e ser uma pessoa (quase) disciplinada e estudiosa, como na época de cursinho. Época em que eu estudava, inclusive, aos sábados.

10.3.07

DEPOIS DO BAILE
Chego às 5h30 da festa, acabado. Não costumo chegar assim de festas (acho que bebi um pouco demais). Como um sanduíche qualquer, bebo uma garrafa generosa d'água, durmo e sonho, sonho que uma amiga chamada Ana Carolina pede para ser chamada de Alexia. Ao levantar, uma necessidade estranha de comer chocolate (geralmente só comia em vestibulares). Como uma barra inteira e porosa de Suflair e bebo uma caneca de leite de soja com café, depois de ficar por alguns minutos no MSN e a santa internet cair. Leite de soja não é das coisas mais gostosas, mas, como quase tudo nessa vida, dá para se acostumar (melhor que sentir aquele mínimo enjôozinho que sinto depois de tomar leite de vaca). Agora ouço Jorge Ben. E observo formigas desesperadas sobre minha mesa, minúsculas.

7.3.07

1. Só quatro aulas na faculdade até agora e já me sinto igual eu me sentia no colégio aos 13, quando não tinha noção de como resolver uma equação simples do 1º grau. Não que eu tenha achado as matérias de Jornalismo extremamente complexas - do jeito que eu achava as equações ax+b=c um bicho de sete cabeças -, mas é tanta coisa nova, tanta teoria jornalística, tanto significado, tanto significante, tanto signo, tanta semiótica, tanto Hegel, tanto Hussel, tanto tudo, que, cada vez mais, sinto-me uma esponja de conhecimento (como me chamou, certa vez, um plantonista do Anglo).

2. Assisti, nos últimos dias, Brokeback mountain. É um filme bonito e de sensibilidade ímpar; a cena do beijo que foi eleita o melhor do cinema de todos os tempos é muito bela. Vi também o telefilme High school musical, que apresenta um roteiro quase inverossímel e cheio de furos, mas que é, na verdade, um pretexo para cenas musicais bastante divertidas (com as quais eu tentava cantar/dançar junto) (eu só não entendi por que o casal de protagonistas não se beijou de fato). O último filme assistido esses dias foi Amor à tarde, do Rohmer, na mostra na Cinemateca; o filme entra nos moldes de muitos do diretor, mas não é um de seus melhores. Eu ia ficar para ver Marquesa D'O, mas não agüentei - apenas cinco minutos de intervalo. (Oh, céus, quando conseguirei assistir a vários filmes seguidos sem intervalo?)

3. Descobri que Nescafé é gostoso com leite, mas não tem efeitos "acordantes". Ontem fiz uma experiência: coloquei café preto - de coador, recém feito pela minha mãe e guardado na garrafa térmica - na caneca com um pingo de leite, bebi e fui à faculdade. Resultado: não senti sono algum durante a aula Mayra, que durou umas quatro horas! (Bem, na verdade não sei se foi o café de coador que me fez perder o sono ou se foi a própria professora insana; gostei da figura - ela é louca, e eu adoro pessoas loucas.)

4.3.07

Madeixas

Nos últimos tempos, pelo menos por MSN, me disseram que reclamo demais e que tenho uma "visão negativa" da vida. Se isso é verdade ou não, ainda não concluí. Mas, enquanto meus neurônios trabalham para chegar ao almejada resultado, vou continuar reclamando... (Ok, acabei de comprovar que reclamo um pouquinho demais, mas enfim.) Farei uma reclamação, digamos, bem feminina, do tipo "hoje meu cabelo tá uma merda".
Meu cabelo, que foi raspado à máquina com lâmina nº 2 (tá, nem foi tão curto assim), tem crescido de forma desigual; posso ver algumas regiões em que a taxa de crescimento foi pífia, enquanto em outras, a taxa de crescimento dos fios foi exponencial, o que acarreta numa cabeça que, de esférica, passou a ser um polígono de forma inédita - e bizarra. Com essa descrição (um tanto quanto exagerada, confesso), pode parecer que depois de ter passado no vestibular eu tenha me tornado um monstrinho ou coisa que o valha. Mas nem está tão feio assim. O meu receio, porém, é que o cabelo continue crescendo dessa forma tão... desigual, e aí sim o monstrinho surja de fato. Mas, enquanto isso não ocorre, continuo me divertindo com minhas madeixas que secam de forma extremamente rápida depois do banho, preparo-me psicologicamente para o início das aulas e vou refletindo sobre a questão "reclamo ou não de tudo?" ou "tenho uma visão negativa da vida?".

1.3.07

Hoje fugi na semana dos bixos

Passei em jornalismo na ECA-USP, e hoje, quinta-feira, foi o penúltimo dia da Semana dos bixos, uma semana de atividades de apresentação da Escola e do curso e de integração entre os calouros e entre calouros/veteranos. Apesar desses ritos de passagem (e qualquer tipo de mudança brusca no cotidiano) serem um tanto quanto difíceis pra mim, e apesar de eu não conseguir ser uma pessoa daquelas extremamente simpática que têm um comentário bacana para qualquer coisa (e, portanto, com dificuldades em fazer amizades), tô gostando bastante da Semana e, principalmente, da ECA.
Mas hoje fugi das atividades. Vi uma palestra com ex-Ecanos ilustres até o fim, mas, cansado ao extremo, voltei pra casa cedo. Foi, de certa forma, minha primeira "cabulada" de aula de minha vida acadêmica, apesar de eu ter cabulado um almoço no Bandejão, um sarau e uma espécie de "Jogo do milhão". E é difícil eu desistir de algo por cansaço. Posso evitar começar a fazer algo por preguiça, mas interromper alguma atividade por cansaço é extremamente raro (uma boa prova disso é o exemplo da balada: ao chegar de alguma, inclusive daquelas fortes mesmo, tomo banho, como, folheio o jornal do dia e entro na internet, enquanto a maioria das pessoas deita na cama com a roupa que chegou, sujo, engordurado, fedendo a cigarro.). Bem, devo estar ficando velho... (Deve ser porque, finalmente, estou na faculdade.)