m. poole
num interim, depois de certas décadas, me virei do avesso para poder compartilhar e não precisar escrever. o observador perguntou por que não havia mais letras minhas por aí, ao que respondi que não era preciso, considerando a conjuntura de sorriso. quando se tem quem olhe, não é necessário procurar.
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aquela tarde de domingo foi a melhor da minha vida. de criança, era pão francês fresquinho, os homens da tevê, cheiro de café e um dos dois jornais, dependendo a quem a visita fosse ou do humor da mãe.
naquela, dentro do interim do avesso, era só eu, o observador e as ruas vazias. é claro que a gente não aproveitou bem, mas coisas dessa natureza são apenas descobertas quando já é tarde da noite. só digo que os passos e os passos e as palavras que viravam vapor me faziam feliz. e como feliz.
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horas antes do episódio de encerramento da temporada, aquele pelo qual todas as pessoas sentariam na sala para assistir, enquanto eu no computador e o outro nas ruas cheias, mandei aquela letra que ninguém sabia que eu gostava, que falava sobre paraíso, truques, promessa de fuga, como um sonho. fuga nas ruas vazias de domingo, como um sonho. mas apaguei.