31.3.09

mais

ela não se esquece de você chegando mais perto para falar coisa qualquer.

podem ter sido as cervejas. mas ela sempre acha que não.

vanguarda relativa

me dá um beijo. bem de cinema.

ou

beijo.

no medo. no de não.

30.3.09

la distance

foram dois chopes, pelo que se lembra; nada além disso. na verdade, foram dois chopes e uma bronca de sujeito que ele quer nunca mais ver na vida. foram dois chopes, uma bronca de desconhecido e uma pequena fuga - duração máxima (desta): 20 minutos. refletiu, nela, sobre as calçadas quebradas, acerca da relação homem/natureza, de saber se aquelas ruas deveriam existir, e perguntou a si se daquelas janelas se dava para ouvir de tudo. um choro de criança, pelo menos, foi possível.

mais de uma hora depois, o sofá era outro, uma espécie de sofá, aliás, no qual se deitou, e o casal do lado (uma das quatro mãos) chegou nele, como se procurasse/quisesse algo. ele gostou, de certa forma, das carícias. nesse instante, era algo muito mais do que dois chopes, uma bronca e uma fuga. era algo como mais umas doses de limão, gin, água tônica, asco pelo rapaz da fila e vontade de dançar aquela música de tesouro/tesoura.

e o seguinte é que a coisa continua meio que na mesma, o interesse/desinteresse, a tentativa de entender as relações humanas e de se pôr em todos os lados/cantos/meios/poros/tampas. errou o caminho por três vezes de volta para casa no dia seguinte e não aguenta mais a história de dizerem que não sabem onde estão, porque, por mais que tivesse sido muito mais do que chope, bronca, fuga, dose, asco, vontade, perda, desvairio, ele chegaria.

23.3.09

janta

deixei o carro perto do café e caminhei mais até a editora porque pensei que, assim que você me ligasse te chamaria para ir comigo.

mas esqueço que você é cheio de regras e eu tenho que fechar meu notebook e ir para casa jantar.

19.3.09

me afastar

você é meio cheio de coisas, e parece, quando está comigo, nos momentos raros de estar comigo, que eu consigo apreendê-lo, ter, ao menos, um panorama geral de você. eu não sei se esse seu ser cheio de coisas é um pouco do que foi embora, e o que fica é você, ou se você é tudo isso, e eu então estaria certo em tentar, de certo modo, me asfaltar, porque quando é muita coisa eu não aguento.

18.3.09

sem banho

não tomei banho porque pensei que a narrativa da noite anterior ficaria no corpo, mas meus braços não estão mais com seu cheiro, como ontem. e eu gosto do fato de você não usar perfume e ter um cheiro seu tão gostoso, de guardar em frasco e comprar na viagem mais distante, aquela que faria com você, pelo menos se nos encontrássemos novamente, tomássemos mais cervejas, comêssemos algumas tapas e você abraçasse mais. assim eu conseguiria ser menos atrapalhado, pelo menos na sua frente

vinte

isso demorou vinte minutos para chegar até a casa, de madrugada, de carro, de inglês. não se pretende tomar banho esta noite, mesmo que, na manhã seguinte - ou tarde, que seja - a narrativa presente no cheiro do corpo traga más lembranças. um molho de chaves com méxico como protagonista diz muita coisa.

eu meio que experimentei um pouco mais na noite passada e bebi demais também e, voltando para casa, nos vinte minutos, pensei em um só objeto, ao qual sou nada entusiasta; sou, inclusive, crítico ao extremo, mesmo tentando ser quase nada. e vejo que é meu objeto da sorte, que me cruza na esquina sem gato preto, e com quem tenho que estar por sempre, porque os outros me contestam, e não por poder, mas por querer poder.

eu pensei, ou imaginei nos vinte, que por mais que eu experimente tudo que tenho vontade ou que precise, prove sabores, anote no meu bloquinho e depois critique, sempre vou gostar da mesma coisa, do prato de sempre, feito por mamãe, mesmo que sem gosto de friday i'm in love.

12.3.09

lá pra cá

depois que passaram as mulheres, três das quais com listras horizontais bicolores, comecei a ver tudo em listras. primeiro, as mais óbvias, como as quatro faixas com muitas faixas no asfalto, formando um quadrado. depois, o portão, os tijolos, as linhas nas paredes. refleti que não queria alguém com listras, mas essas coisas nem sempre se dá para escolher. no entanto, quando vem sem listras e de uma cor só é quando mais quero, só que mais querer não significa mais ser querido.

e foi na fila da padaria que eu pensei. não dá pra saber bem o porquê, tudo é dúvida, e dúvida não é pergunta. é claro que uma hora eu posso dizer 'calma aí' e perguntar, ser didático, até, mas prefiro dirigir até o córrego, girar na rotatória, olhar os prédios, adivinhar a janela. e sempre foi meio assim.

eu poderia fazer um relatório bem detalhado, anotar todos os pontos, grifar, algo assim, bem didático de novo, igual queria a fala, ou objetivo, de chegar e dizer, sem perguntar e ponto. e só. parece simples por cima, como tudo.

mas que gosto de trident. de hortelã.

6.3.09

mais de meia noite depois

agora, que tenho junto ao corpo os panos mais velhos que conseguiram sobreviver do fatídico destino dos chãos sujos e baldes de sabão, pondero que o fato de eu ter tomado um expresso à quase meia-noite não foi das ações mais inteligentes da história. eu não tenho sono agora e, pelo menos para me sentir mais próximo aos outros, gostaria de estar domindo neste exato momento em que meu indicador tecla o número 25. na mesa do café de madrugada, com espuma de chocolate, avelã e nomes de pintores, eu digo que não aguento mais trabalhar. não que não goste de, mas porque foi tão bom passar os dias sozinho de lavar a louça com chet baker. de conseguir chegar à vila mariana em 20 minutos, atravessar uma cidade, sentir chuva de carnaval. e esta noite eu ainda reflito, maldito expresso, porque não sei por que digo, faço, invento sentimento, reação, fala, e nem sei o que sinto. porque foi o dia todo assim, de não conseguir sentir.

4.3.09

bola de canhão

falhas só de fotos. um pelo que falta, dois pelos que faltam, três pelo que falta. de uma hora vem a outra e funciona assim, de mudar de repente.

não vejo imperfeições, só sorrisos. menos quando se afasta assim, de não dizer nada. mas gosto quando chega assim, de dizer e não dizer.

não é tão difícil, acredite.

e eu sei que também preciso acreditar, acredite.

leitão-reação-epitácio

casinha colorida, casinha colorida, daqui a pouco tudo isso vira prédio de cor só. piscina, churrasqueira & cia. bala, bombom, chocolate e siga bem, caminhoneiro. e caminhadas de domingo com celular. alô? oi, tô te esperando. a rua nem parece tanto de espera. e eu não quero que você pense que sou daqui; tô longe, muito longe.

*
é que com um eu atravesso meia cidade. com outro, um quarto da cidade. e eu gosto de ficar longe; parece que assim a gente se isola. às vezes, é bom.
*
de monet lá.