19.2.10

whigfield

sonhei que te vi na plateia, mil cabeças pra lá, e você estava a beleza assim. eu teimava em não virar a cabeça, mas era impossível não querer ver se você ria nas mesmas partes em que eu ou se chorava quando me dava vontade --e eu forçava para manter a pose.

depois do espetáculo, fui à pizzaria, mil bloco pra cá, e lembrei da primeira e exclusiva vez em que estivemos aqui. não houve outra, e me arrependo de não ter aproveitado todo segundo, porque, vez ou outra, eu precisei me levantar para ir ao banheiro ou falar ao celular.

após pausa de 4 horas, volto ao espetáculo e você está no assento ao lado do meu. minutos depois, a gente troca de lugar.

5.2.10

J espanhol

Você disse, com toda a pulsão dos tempos jovens: vem pra cá. E cá é de outro lado, não do outro lado, e leva algum tempo de deslocar, não propício a esta hora da manhã, enquanto todos estão acordando e nós, só nós, nem fomos dormir. Eu, como reprimo toda a pujança juvenil, digo que não, não dá, deixa pra amanhã, vamos postergar o máximo, colocar na gaveta, tirar de vez em quando – eu não entendo como funciona mesmo. Um dia eu conheço o apartamento na famosa praça, com outros prédios rodeando, mas hoje não posso, e amanhã não sei, vamos nos falando por telefone, pode ser? E lá me vem: mas aqui eu tenho o que você quer, e você tem o que eu quero, simples assim. Mas, se nenhuma das roupas serviram, por motivos diversos (odeio ‘diversos’ como esconderijo da verdade), você tem o que me vestir, e parece fácil assim. Comidinha da mamãe, comidinha da manhã, dois lados, e eu sempre querendo saber mais do que devia: desenterrar/enterrar/escrever/recortar/colar e as perguntas absurdas - respostas óbvias demais ou inexistentes demais. Eu juro que anotei o celular, amanhã te ligo. Não sei a hora, não sei a que hora vou acordar. E, então, você se vai como um desligar de ligação. Fica um bip bip bip e, depois, silêncio. Espera eu acordar, vou ser outra pessoa.