28.4.11

paris nao cheira a curry

a vez que me senti em casa em paris foi quando fui na rue saint-anne. caminhei sozinho por calçadas estreitas entre tantos restaurantes japoneses que até perdi a conta. eles pareciam mais japas que qualquer outro restaurante japa de paris, um tanto afetados como em sp. fui no que ela me indicou, o higuma. havia fila (ela avisou),eu no meio de gurpos franceses mais um ou outro de turista. me deram um cardápio em japonês. eu ri. um semestre de curso foi pouco, muito pouco. troquei pelo francês. mas pra quê? pedi o que ela indicou no e-mail: chahan e guioza (que lembra muito a de sp). comi metade do prato para conseguir provar outro. entao li no menu plastificado e pedi o carê. o frango (poullet, aprendi, finalmente) nao era peito, era coxa, sobrecoxa, uma carne mais macia, que desmanchava num leve tocar de hashi, e o molho de curry espesso, com um pedaço de cenoura, era ardido sem medo. o arroz branco abrandava. lembrei da minha avó. bebi chá verde, pedi dois para poder alcançar o valor permitido para pagar em cartao. nao liguei para os japas (chineses?) subindo (pisando) no fogao para limpar tudo. já bebi em taças piores em paris, sujas, sujas. peguei o metrô feliz e me perdi pela cidade com cheiro de curry nas maos.

3.4.11

garoinha do céu cinza escuro da vila mariana

aquela noite era a noite que o meu cabelo tava o mais bonito da vida, mas eu não tinha feito esforço nenhum. aí você chegou parecendo furacão, me beijou e transformou, não sei que hora ou com que mão, meu cabelo num monte de coisa pra cima e pra baixo que nunca foi visto antes. você foi embora, mas eu prometi pra mim mesmo que só ia cortar o cabelo de novo se um dia você voltasse. aí, se eu não te visse de novo, ia virar um homem das cavernas.