26.6.07

Primeiro foi ele esperando o ônibus sem trajes de gala. Um estranho no ninho. Depois foi a vez dos dois evidenciarem a contradição no semáforo. E batiam, um em cada janela. Marcas de dedos no vidro. E saltitavam, e batiam, e pediam, e imploravam. Quase me convenceram. Uma espécie de Populismo às avessas. Ele era menor, segurava bolos com figuras da Turma de Mônica. Será que ele sabia quem era Mônica? Cascão? Bob Esponja? Naquela idade eu tinha cabelos parecidos, o quádruplo de peso e Mônica era minha companhia diária. Noturna. Na outra janela, a outra vendia chicletes. Será igual a tantas mulheres de cabelos manchados. Essa reflexão me veio depois. Pediu-me água. Tudo aquilo era natural. Dei-lhe água. Verde. Tchau.

[agosto (?) / 2006]

25.6.07

shrek

em vez de obrigações, comi. comi as obrigações, meio que junto de sorvete com calda de maçã verde e bolinhas crocantes. isso no Butantã. e em Pinheiros.

é, não fiz os textos sobre historiadores nem li o livro sobre tipografia; mas comi bureka nesse domingo de tempo estranho. esfriou. e parecia que ia chover.

sábado engoli conversas com pizzas em Perdizes. e o fim de semana foi assim, de obrigações comidas.

24.6.07

ne me quitte pas

"Ontem surgiu o vereador João Cláudio Moreno, do PC do B de Parnaíba (PI), que, propagandeando as belezas turísticas piauienses, disse a seguinte pérola: 'O Delta do Parnaíba é como uma menina de 15 anos. Linda, virgem e pronta para ser explorada. Aliás, 15 não, 13 anos.'"

[em: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?aviso=yes&codigo=445563]

22.6.07

hoje peguei o carro e saí. não é a primeira vez que faço isto, sair dirigindo por aí sozinho, sem rumo certo, pela noite. tem época em que faço mais, tem época em que faço menos.

o trajeto não foi tão longo assim, nem foi longe nem demorado. passei pela Vital, Rebouças, virei, Paulista, Augusta, desci, Cardeal, Alvarenga.

olhava as pessoas, abria, fechava o vidro, ouvia música, trocava de estação, de cd, de pensamento.

nem lembro bem sobre que pensava.

não era sobre o dia tenso, definitivamente; nem sobre a prova oral, a escrita ou o fechamento do jornal. e nem sobre meus amigos que passaram pelos computadores e me deram biscoito e ceral em barra quase de madrugada.

lembro-me apenas de algumas reflexões sobre cerveja e café, sobre um ou outro amigo ou sobre aqueles fios de cabelo que fitei perto da Peixoto. mas acho que só.

18.6.07

nossos carros - (só eles) - juntinhos de bundas empinadas sozinhos parados olhando para o chão sob a copa das árvores frondosas. quem me dera estivessem eles de faróis acesos.

quiçá essa foi a cena mais bonita desse ano. mas um dia, deus queira, teremos um carro só ao invés de uma escova única de dentes. ou, melhor, venderemos os autos e alugaremos um apartamento. muitas festinhas no apê.

16.6.07

post e poste; scrapbook

não sei por quê. não gosto dos últimos postes. posts.

15.6.07

cão truta, cão-truta, cão sem dono

debate depois da pré-estréia de Cão sem dono: o espírito lulesco de Marçal Aquino, o ar arrogante de Beto Brant e a falta de sal daqueles bons atores de cara limpa.

caminho para casa. no portão, um cachorro revira um saco de lixo cheio de ossos. com a minha aproximação, ele se assusta, fica tenso, prepara o corpo para escapar. a fome diz mais alto, ele percebe que sou amigo e continua a comer os ossos.

esse cão não tem dono. talvez a palavra "dono" possa trazer uma relação de posse, de autoridade, de mandonismo. mas também pode revelar carinho, conforto, lar, tudo que me veio quando caminhei até a janela da sala de casa e vi o meu cachorrinho poodle deitado folgadamente em um edredom no sofá. um cão com dono.

aquele cão sem dono, na rua, cabisbaixo, melancólico, malhado e faminto me tocou por dentro. bem lá dentro. levo água da cozinha a ele. ele foge de mim metros adiante, com um osso preso nos dentes. jogo uma almôndega. o cão me olha, fica um segundos me encarando. encara a almôndega, engole a almôndega e volta a me encarar. dou uma piscadela, sorrio, mostro o dedo polegar. "esse é truta", ele diria. ou seria mera pretensão?

12.6.07

estive em Registro

em Registro as ruas têm nomes japoneses e as pedras do chão, arvorezinhas. em Registro a avenida principal tem nome de mulher, os semáforos não são necessários e há uma feira que começa na hora do almoço. vendia cenoura, pepino, salsinha, sushi e empadinhas - mas preferi pudim de tapioca. um real, um real.

em dia de jogos universitários, as casas cobram cinco reais para se tomar banho. e em dia de festa, eu bebi tudo que não devia. passei mal. quase lá.

mas foi bom: caminhei sábado à noite pela neblina. em Registro há neblina na avenida principal. e eu estava de Havaianas.

Registro é a cidade do chá e da banana. mais do chá que da banana. porém não se vende iced tea no supermercado. só vodka.

6.6.07

santo antônio e fita dupla-face

saí com amigo pela universidade colando cartazes. história e geografia, química, arquitetura, concreto e matos, muitos matos.

no prédio da letras eu já estava sozinho. uma calmaria e um cheiro gostoso de junho - especiarias. arroz doce ou vinho quente? dúvida cruel, sem escolha e sem solução. ou doce escolha não-minha.

muito frio. foi aí que lembrei: mês de festa junina.

3.6.07

ultima/e jornalismo

os últimos dias foram dias de entrevistas(1), de poucas leituras(2) e de nenhum sentido(3).

(1) entrevistamos Cerântula no Centro e Percival na zona norte. jornalistas investigativos que tomaram várias de minhas horas; foram horas agradáveis.

(2) li essa semana pouco o jornal ou o monte de livros que comprei no sebo, onde procurava alguns sobre teorias esquerdistas. ultimamente, tenho tido vontade de ler sobre socialismos. pretendo conciliar socialismos com algumas teorias díspares a respeito do que falamos/escrevemos/comunicamos - o que aprendo na universidade.

(3) ......(...)............!.................(...).......?..............?..............???

à parte disso, esse fim de semana foi fim de semana de pizza; ontem à noite nos Jardins.

já hoje é um dia típico de leituras. (e talvez de cinema.)

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