28.8.08

aqui do meu ramal posso tentar te ver passar lá em baixo, mas nem sempre eu posso. eles querem que eu fique sentado em frente ao cristal líquido, exercitando dedos, aleijando pulsos, grudando post-its.

há tantas cores mais bonitas de post-it do que amarelo aguado. esse aqui é tão 94...

tento te ver pelos vidros. as janelas são grandes e, quando abrem, a visão melhora bem, e eu me sinto meio poderoso de poder ver daqui, porque aí de baixo me dá vergonha: ando cabisbaixo, olho para o chão, não percebo que tudo aí é tão grande.

falo palavras que não falaria pra ninguém aqui de cima, e tenho menos vergonha, porque, em baixo, eu nem consigo falar, mesmo falando por dentro, porque o medo que você passe é maior.

agora eu falo. e me dói cortar em parágrafos ou estrofes. é como me rasgar e me virar do avesso.

às coisas novas

lembro de que quando conheci Dante as coisas não eram assim. e nem o modo de eu chegar, de sentar e ligar o aparelho era o mesmo. tudo que eu lia também era diferente. e isso não faz tanta falta, porque não dei um "adeus". só deixei ir.

por isso que todos os rostos pelos quais eu orava todas as noites não me faltam mais.

às coisas novas.