9.11.09

e a luz chegou quando em outra já se estava. não em outra gente, outra troca, mas em outra era, como se tudo trocasse de repente.

e lia-se quadrinhos do japão no transporte público e ouvia-se o oculto no transporte público. lá também se via o desconhecido até a boa hora chegar.

mas quem chegava era a luz. e era eu. e eu sou imperador dos reencontros, por mais que o resultado não se dê, ou se dê fraco, quase morto.

vanguarda russa

quando ouvi os sininhos, pensei na bailarina dançando, rodopiando por entre os corpos espaçados. achei estranho ouvir sininhos (mesmo que melodia concebida eletronicamente) depois de tudo continuar na mesma. o que é pior: tudo continuar na mesma explicitamente. é quando vem uma notícia verbal - escrita, falada ou sei lá - que constata: tudo está na mesma, não há novidade no caso, trate de esquecer de tudo e iniciar um novo estudo. minha nova hipótese, portanto, diz respeito às xícaras de porcelana branca. e eu, ó-ceus, que falei que a cerâmica era porcelana e vice-versa?! mas que coisa besta, meu deus! e, sim, ele me disse que eu reparo nos detalhes mais sem sentido, mas eu sinto nos detalhes. só não respondi isso a ele. eu reparei, por exemplo, que um sorriso na noite de sábado se estirou por todos os cômodos: a escada; a sala; o espelho do banheiro. por fim, apenas atravessei e reparei nas meias. quem repara em meias, meu deus? uma vez eu sonhei. vanguarda russa, eu dizendo: mas que moldura bonita, meu deus. acorda. e mais notícias recebo de que tudo continua na mesma, e eu respondo - novamente a mim mesmo - que pelo menos consegui verter três lágrimas na sala escura na noite de domingo. para mim mesmo, é claro.